sexta-feira, 24 de junho de 2011

SINDROME DO PÂNICO - INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO

Segundo a visão de Freud (ano) neste período de sua obra, a angústia provinha de um excesso de energia sexual que não atingia o plano psíquico como representação erótica. Ao invés disto, manifestava-se ainda no plano somático sob a forma de angústia.
Pessoas que tinham uma vida sexual insatisfatória sofriam de um acúmulo de energia que deixava de estar disponível ao ego. Esta energia ultrapassava a capacidade de integração egóica, tendo assim restrita sua passagem ao plano psíquico, transformando-se em angústia. Angústia era concebida como energia sexual não representável. Havia uma impossibilidade de representação psíquica da excitação sexual e emocional, tendo como conseqüência seu desdobramento em angústia.
Podemos apreender várias coisas da teorização freudiana. A mais importante neste contexto é a de que existe um nível de tolerabilidade a estímulos internos para o ego. Há um limite de excitabilidade emocional e energética suportável e integrável à dinâmica consciente; a partir deste patamar, há um risco de desorganização.
Há uma articulação afeto-representação no funcionamento emocional humano; a todo afeto se liga uma representação. Quando falamos de angústia estamos falando de emoção num estado mais puro, sem representação, no limite entre o biológico e o psíquico. Ultrapassada a capacidade de integração do ego, surge a angústia, como manifestação do limite, da ameaça de morte, do contato com o desconhecido. A angústia é a emoção que acompanha a aproximação do inconsciente, a invasão de conteúdos e emoções que ameaçam rupturas na identidade egóica. É a emoção do nada.
A experiência do Pânico é a experiência da angústia. Angústia pela inundação do ego por fluxos emocionais e energéticos que vêm produzir um abalo sísmico na fina superfície da consciência.
O Pânico reflete uma disparidade entre os planos consciente e inconsciente. Houve um estancamento na comunicação interna, a rigidez do ego anula a tão saudável permeabilidade intra-psíquica. A conseqüência é a ruptura do elo mais fraco; há uma rachadura no represamento do inconsciente por falta de vazão necessária; há uma inundação de águas sobre a consciência.
Segundo o Site da Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade, (2010) “Ansiedade é uma experiência universal da espécie humana. É uma emoção de desconforto que os seres humanos experienciam em resposta a um perigo presente que os faz se preparar para uma situação que reduza ou previna a sua ocorrência. Pode ser caracterizada como uma: sensação de apreensão quanto a algum perigo futuro não bem delineado. A ansiedade tem a função de diminuir o desconforto, pois propicia um impulso para resolução das situações ansiógenas; aumenta o grau de vigília o que amplia a capacidade de agir em situações de estresse. Portanto, sentir ansiedade é normal e adaptativo para os seres humanos. Mas, a ansiedade é também um sintoma predominante de um grupo de transtornos, os transtornos de ansiedade.”

Segundo Keller, 1965 pag. 39 “Já no século XIX, Sigmund Freud identificou a Síndrome do Pânico sob o nome de “neurose de angustia”, um mal de natureza biológica. Realmente acredita-se hoje que a síndrome é causada por uma falha no sistema de neurotransmissores, substancias responsáveis pela emissão dos impulsos nervosos de uma célula para a outra. Entre estas substâncias estão à noradrenalina e a serotonina. Desta forma, as informações do meio ambiente recebidas através dos sentidos não são corretamente codificadas; é como se a mente da pessoa fizesse uma leitura errada da realidade disparando um alarme de grande perigo em situações que, na verdade, não representam nenhuma ameaça.”

Segundo Ross (1995 p. 14) “Os distúrbios que os especialistas atualmente consideram como pertencentes à ampla categoria dos distúrbios de ansiedade compreendem a síndrome do pânico, fobias (incluindo agorafobia, fobias simples e fobia social), distúrbio obsessivo-compulsivo, stress pós traumático e distúrbios de ansiedade generalizada.”

Segundo Scarpato, 2010, pag. 1 “A Síndrome do Pânico caracteriza-se pela ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes. Os ataques de pânico, ou crises, consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos. Os mais comuns são: taquicardia, sensação de falta de ar, dificuldade de respirar, formigamentos, vertigens, tontura, dor ou desconforto no peito, despersonalização, sensação de irritabilidade, medo de perder o controle, medo de enlouquecer, sudorese, tremores, medo de desmaiar, sensação de iminência da morte, náuseas ou desconforto abdominal, calafrios ou ondas de calor, boca seca e perda do foco visual.”

Segundo Stanfdord-Clark ET AL (1990), definem assim o transtorno de ansiedade: “Um estado de ansiedade e apreensão contínua e irracional, algumas vezes desencadeando um medo agudo que chega ao pânico, acompanhado por sintomas de perturbações autônoma; com efeitos secundários em outras funções mentais como a concentração, a atenção, a memória e o raciocínio.”
Segundo M.A. BERNIK,  Transtorno do Pânico: transtorno médico mental caracterizado por ataques aleatoriamente recorrentes de ansiedade ictal (ataques de pânico), que ocorrem de modo preferencialmente espontâneo e não exclusivamente numa situação ou em circunstâncias determinadas (como nas fobias). O ataque de pânico é caracterizado por um período discreto de medo ou desconforto intenso, que se inicia de forma abrupta e que alcança seu pico em poucos minutos, sem durar muito tempo. Devem estar presentes sintomas autonômicos como palpitações, taquicardia, sudorese, tremores, boca seca e podem estar acompanhados de outros sintomas tais como: dispnéia, engasgo, precordialgia, náusea ou desconforto abdominal, tontura, desrealização, medo de morrer ou perder o controle, rubor ou alterações de sensibilidade.
Está freqüentemente associado com sintomas agorafóbicos, em que a pessoa teme ou evita situações tais como: locais públicos, estar com multidões, impossibilidade de receber ajuda ou estar sozinho, impossibilidade de sair da situação como filas, engarrafamento, elevador, etc.
Para seu diagnóstico devem ser afastadas outras doenças que podem cursar com a mesma sintomatologia, tais como: angina, insuficiência cardíaca congestiva, asma, feocromocitoma, intoxicação por drogas (anfetamina, cocaína), abstinência de drogas (álcool, hipnóticos).”
Segundo Leal, Tatiane, (2009) “O transtorno do pânico caracteriza-se pela ocorrência de repetidas crises, em que o paciente sente enorme desespero e necessidade de fuga e acredita que irá morrer. Os indivíduos em crise apresentam sintomas como taquicardia, falta de ar, tremores e ondas de frio e calor. Estima-se que entre 1,5% e 3% da população mundial sofram da doença. Desse grupo, dois terços são mulheres.”

Segundo Rangè, (2008) “O Diagnostic and Atatistic Manual IV (DSM-IV: American Psychiatric Association, 1994), define um ataque de Pânico separadamente do transtorno de Pânico. O CID-10 publicado pela OMS(1990),que é o sistema de classificação psiquiátrico adotado no Brasil, o transtorno de pânico é descrito como: “ Repetidos ataques de intensa ansiedade que não se restringem a uma situação ou circunstância determinada, sendo, portanto, imprevisíveis. Uma das fobias impossibilita portanto o diagnóstico, Os sintomas variam de pessoa a pessoa, mas são comuns: palpitações, dor no peito, sensações de desfalecimentos, vertigem e sentimentos de irrealidade, despersonalização ou desrealização); medo de estar morrendo, enlouquecendo ou perdendo o controle. As crises duram alguns minutos, mas podem ser mais prolongadas. A freqüência e curso são variáveis e predomina em mulheres. “O local ou situação em que se deu a crise passa a ser evitado.”
Adalberto Sabino
Psicólogo e Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.



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