terça-feira, 27 de agosto de 2013

SÍNDROME DO PÂNICO - UM DESAFIO A SER VENCIDO

Paciente de 24 anos, sexo masculino. CASO: Dos casos que já trabalhei em clinica este me parece ser um dos que mais desafia as técnicas já empregadas, que na maioria dos casos auxilia o paciente a superar suas fobias e consequentemente os sintomas da síndrome e tudo que ela gera no indivíduo. A.L. queixa-se que um simples pensamento gera o medo de algo e pode ser a circunstancia mais simples possível. Ex: ir na casa da avó, mas como é uma casa sempre cheia de gente, ele não se sente impelido a ir e a muitos anos ão vai ver a avó, sofre muito com isto, mas não consegue superar e nem mesmo fazer o enfrentamento da fobia. A fobia a qual se refere é a Fobia Social. Queixa-se que gostaria muito de dar um abraço na mãe ou no pai, mas nunca conseguiu fazer isto, no dia das mães por exemplo, sai cedo para não encontrar a mãe e só volta a noite. A mãe sabendo desta dificuldade do filho a muitos anos não cobra do filho. O pai também não o força, o que fez com que este comportamento se sedimentasse e hoje possui uma grande resistência em abraçar os pais. Inicialmente foram aplicadas algumas técnicas, sem sucesso. Paciente relata que não consegue fazer o enfrentamento, que prefere morrer a ter que romper com o medo. Me parece que é um caso não somente de ter medo do medo, mas é o medo de ter medo e de superar o medo.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O DOENTE ADOECIDO - MÊDO DE FICAR DOENTE DA PROPRIA DOENÇA

P.A., 42 anos, recomendado por um amigo procurou atendimento na clinica por se sentir limitado em suas atividades por se sentir muito mal em determinados momentos. Mêdo? Sim, medo de ficar doente. Mas que tipo de doença o senhor tem mêdo? De ficar limitado ao fato de ficar doente de ter a doença que estou tendo. Ou seja doente da Sindrome. Que tipo de sintome o senhor tem? Fico sufocado, o coração acelera, fico ancioso.
Paciente parece ser um empresário de sucesso, casado com dois filhos. Criado em uma família onde a mãe era a figura forte da família, pai alcoolatra. Não se envolvia nos problemas da família. Achava que o pai era uma pessoa boa, mas sem expectativa, o que ele desde cedo despertou para poder ser uma pessoa de sucesso. Morador de uma cidade pequena, despontou para a vida empresarial, o que realizava com facilidade.
Por outro lado tinha a alta estima rebaixada nas relações sociais e no casamento. Preferia a companhia dos amigos ao da esposa e filhos.
Relatou que desde crança se sentia rejeitado pelo pai, com isto sentia uma tristeza profunda, mas achava normal, o que ele não sabia é que nesta época estava com depressão e que esta o acompanharia até os dias de hoje. Consequentemente pelo fato de não ter procurado ajuda, começou a beber assim como o pai, o problema que após passar a fase de euforia da bebida, se sentia angustiado e a sindrome aparecia com mais força, demoando dias para passar.
Procurou o médico psiquátra, que receitou alguns remédios para aliviar os sintomas. Jpa estava fazendo uso de medicamentos a mais de 8 anos. Aliviava os sintomas, porém o problema permanecia.
Começou então a perceber que deixava de viajar, ou mesmo ir a um passeio, com mêdo de passar mal. Foi aí que percebeu que necessitava de ajuda terapeutica. Mas só o fêz porque um amigo intercedeu.
Inicialmente não acreditava na possibilidade de conseguir diminuir os sintomas através da terapia.
As seções e os exercícios tem trazido alívio ao paciente que relata, que os pensamentos até aparecem mas não se configuram em sintomas físicos. Ainda um pouco ancioso com a possibilidade dos sintomas voltarem, mas está feliz por sentir que está progredindo. Se sente mais fortalecido e sua crença em uma possivel cura traz alívio, o que o torna mais confiante.

domingo, 26 de junho de 2011

SOFRENDO A MAIS DE 30 ANOS

EG, 46 anos, chegou ao consultório com queixas de multiplas fobias, reações físicas como taquecardia, tremores, desmaios, isolamento social desde a infancia. Relatou que procurou diversos atendimentos, médicos, psicológicos e todos sem sucesso. Tomava medicamentos a mais de 30 anos para dormir. Não acreditava que seria possivel acabar com este sofrimento por ser inerente a seu jeito de ser, sua personalidade.
Chegou ao consultório totalmente descrente de pelo menos uma diminuição de sua angustia, dos seus medos.
Durante um período de 6 meses, com seções de uma vêz por semana, o paciente reagiu bem as seções e aos exercícios. A técnica usada foi a Terapia Cognitiva, com exercícios semanais de enfrentamento do mêdo. Um de seus maiores medos era o de medir a pressão arterial. Com os exercícios o paciente foi pouco a pouco vencendo as etapas. Em determinados momentos necessitou de um acompanhante para realizar os exercícios, porque se sentia impotente diante do grande medo que sentia.
Após vencer cada fobia, necessitava retirar o remédio que já o acompanhava a 30 anos. Uma dependencia psicólogica ao remédio. A retirada foi feita de forma gradual e com relatos de suas reações em cada seção.
Hoje o Sr. EG, passou a ter uma vida de melhor qualidade, tem o total controle da Sindrome do Pânico e segundo seu relato vive com tranquilidade, experimentando andar, passear, viajar, ir a eventos e festas, sem o temor das fobias e dos ataques de pânico.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

A NEGAÇÃO DA SINDROME

Conheci um jovem senhor a algum tempo. Ele não veio se consultar, mas procurava uma forma de estar por perto para talvez falar de suas angustias vividas com a Sindrome do Pânico, mas nada dizia, não focava no problema ao qual tanto queria resolver, não aceitava.
Um certo dia a crise veio e eu estava presente, fiz o atendimento necessário para o momento. Quando ela se foi conversei com o este jovem senhor e disse da possibilidade de estar sendo acometido pela Sindrome do Pânico. Me relatou que estas crises aconteciam desde criança, mas que logo passava. Mas toda vêz que a crise aparecia, tinha que ir pra casa, se trancar em seu quarto, porque era o único lugar que se sentia seguro. No momento da crise suas mãos formigavam, seu corpo tremia, sua cabeça parecia que aumentava de tamanho. Assim relatou a crise.
Mas não reconhecia como crise do Pânico, negava a doença e escondia de todos o que acontecia com suas emoções. Em qualquer lugar, a qualquer hora ela aparecia. Ele poderia estar numa festa, a crise aparecia, saia correndo se escondia de todos e de tudo em seu quarto. Poderia estar a quilometros de distancia, corria para seu ninho e lá ficava até a crise passar. Depois se sentia tão cansado que dormia. Sua vida passou a ter alguns limites, como por exemplo o limite da propria cidade ao qual vivia, não viajava, porque se tivesse a crise não teria local para se refugiar. A Sindrome tem esta característica, vai limitando o indivíduo a ponto de não mais sair de casa.

Adalberto Sabino
Psicólogo e Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial

SINDROME DO PÂNICO - INTRODUÇÃO AO CONHECIMENTO

Segundo a visão de Freud (ano) neste período de sua obra, a angústia provinha de um excesso de energia sexual que não atingia o plano psíquico como representação erótica. Ao invés disto, manifestava-se ainda no plano somático sob a forma de angústia.
Pessoas que tinham uma vida sexual insatisfatória sofriam de um acúmulo de energia que deixava de estar disponível ao ego. Esta energia ultrapassava a capacidade de integração egóica, tendo assim restrita sua passagem ao plano psíquico, transformando-se em angústia. Angústia era concebida como energia sexual não representável. Havia uma impossibilidade de representação psíquica da excitação sexual e emocional, tendo como conseqüência seu desdobramento em angústia.
Podemos apreender várias coisas da teorização freudiana. A mais importante neste contexto é a de que existe um nível de tolerabilidade a estímulos internos para o ego. Há um limite de excitabilidade emocional e energética suportável e integrável à dinâmica consciente; a partir deste patamar, há um risco de desorganização.
Há uma articulação afeto-representação no funcionamento emocional humano; a todo afeto se liga uma representação. Quando falamos de angústia estamos falando de emoção num estado mais puro, sem representação, no limite entre o biológico e o psíquico. Ultrapassada a capacidade de integração do ego, surge a angústia, como manifestação do limite, da ameaça de morte, do contato com o desconhecido. A angústia é a emoção que acompanha a aproximação do inconsciente, a invasão de conteúdos e emoções que ameaçam rupturas na identidade egóica. É a emoção do nada.
A experiência do Pânico é a experiência da angústia. Angústia pela inundação do ego por fluxos emocionais e energéticos que vêm produzir um abalo sísmico na fina superfície da consciência.
O Pânico reflete uma disparidade entre os planos consciente e inconsciente. Houve um estancamento na comunicação interna, a rigidez do ego anula a tão saudável permeabilidade intra-psíquica. A conseqüência é a ruptura do elo mais fraco; há uma rachadura no represamento do inconsciente por falta de vazão necessária; há uma inundação de águas sobre a consciência.
Segundo o Site da Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade, (2010) “Ansiedade é uma experiência universal da espécie humana. É uma emoção de desconforto que os seres humanos experienciam em resposta a um perigo presente que os faz se preparar para uma situação que reduza ou previna a sua ocorrência. Pode ser caracterizada como uma: sensação de apreensão quanto a algum perigo futuro não bem delineado. A ansiedade tem a função de diminuir o desconforto, pois propicia um impulso para resolução das situações ansiógenas; aumenta o grau de vigília o que amplia a capacidade de agir em situações de estresse. Portanto, sentir ansiedade é normal e adaptativo para os seres humanos. Mas, a ansiedade é também um sintoma predominante de um grupo de transtornos, os transtornos de ansiedade.”

Segundo Keller, 1965 pag. 39 “Já no século XIX, Sigmund Freud identificou a Síndrome do Pânico sob o nome de “neurose de angustia”, um mal de natureza biológica. Realmente acredita-se hoje que a síndrome é causada por uma falha no sistema de neurotransmissores, substancias responsáveis pela emissão dos impulsos nervosos de uma célula para a outra. Entre estas substâncias estão à noradrenalina e a serotonina. Desta forma, as informações do meio ambiente recebidas através dos sentidos não são corretamente codificadas; é como se a mente da pessoa fizesse uma leitura errada da realidade disparando um alarme de grande perigo em situações que, na verdade, não representam nenhuma ameaça.”

Segundo Ross (1995 p. 14) “Os distúrbios que os especialistas atualmente consideram como pertencentes à ampla categoria dos distúrbios de ansiedade compreendem a síndrome do pânico, fobias (incluindo agorafobia, fobias simples e fobia social), distúrbio obsessivo-compulsivo, stress pós traumático e distúrbios de ansiedade generalizada.”

Segundo Scarpato, 2010, pag. 1 “A Síndrome do Pânico caracteriza-se pela ocorrência de ataques de pânico inesperados e recorrentes. Os ataques de pânico, ou crises, consistem em períodos de intensa ansiedade e são acompanhados de alguns sintomas específicos. Os mais comuns são: taquicardia, sensação de falta de ar, dificuldade de respirar, formigamentos, vertigens, tontura, dor ou desconforto no peito, despersonalização, sensação de irritabilidade, medo de perder o controle, medo de enlouquecer, sudorese, tremores, medo de desmaiar, sensação de iminência da morte, náuseas ou desconforto abdominal, calafrios ou ondas de calor, boca seca e perda do foco visual.”

Segundo Stanfdord-Clark ET AL (1990), definem assim o transtorno de ansiedade: “Um estado de ansiedade e apreensão contínua e irracional, algumas vezes desencadeando um medo agudo que chega ao pânico, acompanhado por sintomas de perturbações autônoma; com efeitos secundários em outras funções mentais como a concentração, a atenção, a memória e o raciocínio.”
Segundo M.A. BERNIK,  Transtorno do Pânico: transtorno médico mental caracterizado por ataques aleatoriamente recorrentes de ansiedade ictal (ataques de pânico), que ocorrem de modo preferencialmente espontâneo e não exclusivamente numa situação ou em circunstâncias determinadas (como nas fobias). O ataque de pânico é caracterizado por um período discreto de medo ou desconforto intenso, que se inicia de forma abrupta e que alcança seu pico em poucos minutos, sem durar muito tempo. Devem estar presentes sintomas autonômicos como palpitações, taquicardia, sudorese, tremores, boca seca e podem estar acompanhados de outros sintomas tais como: dispnéia, engasgo, precordialgia, náusea ou desconforto abdominal, tontura, desrealização, medo de morrer ou perder o controle, rubor ou alterações de sensibilidade.
Está freqüentemente associado com sintomas agorafóbicos, em que a pessoa teme ou evita situações tais como: locais públicos, estar com multidões, impossibilidade de receber ajuda ou estar sozinho, impossibilidade de sair da situação como filas, engarrafamento, elevador, etc.
Para seu diagnóstico devem ser afastadas outras doenças que podem cursar com a mesma sintomatologia, tais como: angina, insuficiência cardíaca congestiva, asma, feocromocitoma, intoxicação por drogas (anfetamina, cocaína), abstinência de drogas (álcool, hipnóticos).”
Segundo Leal, Tatiane, (2009) “O transtorno do pânico caracteriza-se pela ocorrência de repetidas crises, em que o paciente sente enorme desespero e necessidade de fuga e acredita que irá morrer. Os indivíduos em crise apresentam sintomas como taquicardia, falta de ar, tremores e ondas de frio e calor. Estima-se que entre 1,5% e 3% da população mundial sofram da doença. Desse grupo, dois terços são mulheres.”

Segundo Rangè, (2008) “O Diagnostic and Atatistic Manual IV (DSM-IV: American Psychiatric Association, 1994), define um ataque de Pânico separadamente do transtorno de Pânico. O CID-10 publicado pela OMS(1990),que é o sistema de classificação psiquiátrico adotado no Brasil, o transtorno de pânico é descrito como: “ Repetidos ataques de intensa ansiedade que não se restringem a uma situação ou circunstância determinada, sendo, portanto, imprevisíveis. Uma das fobias impossibilita portanto o diagnóstico, Os sintomas variam de pessoa a pessoa, mas são comuns: palpitações, dor no peito, sensações de desfalecimentos, vertigem e sentimentos de irrealidade, despersonalização ou desrealização); medo de estar morrendo, enlouquecendo ou perdendo o controle. As crises duram alguns minutos, mas podem ser mais prolongadas. A freqüência e curso são variáveis e predomina em mulheres. “O local ou situação em que se deu a crise passa a ser evitado.”
Adalberto Sabino
Psicólogo e Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.



SINDROME DO PÂNICO, A SINDROME DO MÊDO

Viver com a Sindrome do Pânico é estar em alerta para morrer a qualquer momento, é este o sentimento dos pacientes que chegam a clinica. Relatam que o coração dispara, as mãos gelam, o corpo treme, sentem muita falta de ar e a sensação é de morte eminente, mas esta temível sensação não se confirma, a pessoa não morre, mas por outro lado o temor de um outro ataque, a qualquer hora, deixa a pessoa completamente insegura, mais cheia de mêdos, temerosa em sair de casa e quando tem que sair, prefere a companhia de uma pessoa de sua confiança.
Viver a cada dia com estas fobias, com a sensação de que vai perder o controle é algo terrivel para o portador da sindrome.
A cada dia vemos que esta doença avança. Mais e mais pessoas sofrem diariamente com os sintomas da Sindrome do Pânico.
Voce já viu crianças de 7 ou 8 anos com a Sindrome? Pois é, isto esta se tornando muito comum. Para os pais que tem alguma compreensão da doença, há a possibilidade de tratamento, mas para aqueles que não sabem como lidar com este tipo de comportamento dos filhos, minimizando que mais tarde isto passa, e na verdade não passa, tornando a criança ainda mais dependente dos pais, temerosa de sair de casa, não conseguindo frequentar a escola e lugares públicos.
Procure atendimento, ou leve seu filho(a) para uma avaliação psicológica, não deixe para amanhã.
Adalberto Sabino
Psicólogo e Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fobias

As Fobias são ocorrencias que antecedem o aparecimento do comportamento da Sindrome de Pânico, por vale uma apresentação especial e cuidadosa, para que voce leitor, possa entender o que acontece com os portadores desta Sindrome, poder ajudar ou ajudar-se.
São vários os pesquisadores desta área, cito alguns. Se voce tem alguma sugestão que possa acrescentar nosso diálogo de cooperação, mande que publicaremos.

Ao lado da Sindrome do Pânico, existem as anciedades patológicas caracterizadas pelas fobias, que basicamente podem ser divididas em fobias específicas, sociais e agorafobia. Nas fobias específicas, o indivíduo sente um medo irracional de determinados objetos ou situações: de lugares altos, de ambientes fechados, de escuro, de avião, de animais, etc. Dessas a mais comum parece ser a fobia por ambientes fechados ou abafados, a claustrofobia. O fobico social, sente pavor doentio de fazer o quer se seja em público, achando que está sendo observado e avaliado e, assim, expor-se ao ridículo. Na maioria das vezes, tudo ocorre apenas em sua imaginação. O medo mais comum destes fobicos é falar em público, mas pode ser de coisas mais simples, como assinar o proprio nome diante de alguém, ou comer na frente de outras pessoas. (CORYELL; WINOKUR, 1991).


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Síndrome do Pânico

No ano de 2010 vários fatores me levaram a pesquisar mais a fundo a Síndrome do Pânico e as fobias. Vários pacientes chegaram ao consultório com esta temível doença. Muitos convivendo com ela a mais de 30 anos. Doença que acomete pessoas de todas as idades.